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Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos

O Projeto Direito e Mudanças Climáticas nos Países Amazônicos, coordenado pelo Instituto O Direito por um Planeta Verde tem como meta fomentar o desenvolvimento de instrumentos regulatórios relacionados às mudanças climáticas nos países: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela, integrantes do Tratado de Cooperação Amazônica. LEIA MAIS

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05/12/2008

Produtividade na agricultura é saída para preservar o clima


A produção de alimento, a geração de energia e a preservação do clima do planeta são temas que entram em conflito quando o assunto é o uso da terra. O problema se apresenta em uma cadeia: o crescimento populacional impulsiona o consumo de grãos, que também são fonte para a geração de bicombustíveis. A necessidade cada vez maior de plantio força a expansão das barreiras agrícolas, que avançam em direção às áreas de proteção ambiental, como a Amazônia. Com o desmatamento, crescem as emissões de gases do efeito estufa, acelerando o processo de aquecimento global.

Um relatório produzido pela ONG The Nature Conservancy (TNC) e pela consultoria LMC International afirma que, até 2014, serão necessários entre 12 milhões e 54 milhões de hectares de terra para atender a demanda por biocombustível em todo o mundo. Deste total, a maior parte - entre 7 milhões e 50 milhões de hectares - virá da América do Sul.

O coordenador do Programa Agricultura e Meio Ambiente da WWF-Brasil, Luis Fernando Laranja, afirma que 33% da superfície da Terra já é utilizada para agricultura e pecuária (o que representa 55% da área habitável do planeta). “Em todo o mundo, mais áreas de terra foram convertidas em lavouras de 1945 até hoje do que nos séculos 18 e 19 somados”, avalia.

No entanto, ele não vê a necessidade de expansão agrícola como um empecilho ao desenvolvimento sustentável do agronegócio no mundo. Laranja explica que o desafio de atender a demanda se resume em produzir mais e melhor, levando em consideração a conservação dos recursos hídricos, dos solos e da biodiversidade.

“A terra ainda é utilizada de forma extremamente ineficiente no Brasil, com 75% da área destinados à pecuária bovina. Se aumentarmos em 20% a produtividade da pecuária no Brasil teremos um excedente de 40 milhões de hectares”, enfatiza.

Esse também é o caminho defendido pelo relatório da TNC e LMC. David Cleary, diretor de Estratégias de Conservação para a América do Sul da TNC e co-autor do estudo, diz que é preciso canalizar a expansão agrícola para áreas já abertas para pastagens e saber conciliar agricultura a uma pecuária mais intensiva.

“O que está em jogo é muito crítico, pois dezenas de milhares de hectares a serem desmatados para biocombustíveis representam um desastre ambiental em termos de biodiversidade e emissões de carbono para a atmosfera”, afirma.

Para que a expansão aconteça em áreas já desmatadas e não em matas nativas, os pesquisadores sugerem aumentar a densidade dos rebanhos na criação de gado e integrar melhor a pecuária e a agricultura, gerando, desta forma, mais valor para as terras já abertas. Assim, é possível evitar possíveis
desmatamentos com o deslocamento da pecuária para a Amazônia, por exemplo, fixando os pecuaristas dentro do Cerrado.

“O monitoramento do uso da terra é barato e tecnicamente viável, e se torna uma base para sistemas de certificação que será estratégica para abrir fronteiras no mercado de etanol internacional”, explica Carlos Klink, coordenador da equipe de Agricultura do Programa das Savanas Centrais da TNC e co-autor do estudo.

Pressão

Neste momento a regulamentação para a importação do etanol na União Européia está em debate, e a demanda para certificação da ausência de desmatamento e impactos positivos de carbono está cada vez mais concreta.
A exigência internacional tem motivado os mercados a se adequarem a normas mais rígidas quanto à procedência dos produtos. O chefe-adjunto de Pesquisa e Desenvolvimento da Embrapa Meio Ambiente, Ariovaldo Luchiari Júnior, explica que hoje há muitos requisitos para que se consiga exportar para Europa e outros países. “É preciso cumprir exigências de práticas agrícolas, de legislação ambiental, social e trabalhista para conseguir exportar e entrar em certos mercados”, informa.

Isso faz com que os produtores adotem melhores práticas no campo para atender às exigências dos clientes, que são cada vez maiores. Luchiari diz que a conscientização tem aumentado em todo o mundo e que no Brasil várias redes de supermercados já exigem cumprimento de protocolos pelos fornecedores, que precisam ser credenciados e detalhar a identidade de origem dos produtos que comercializam.

Por: Sabrina Domingos
Fonte: Envolverde / CarbonoBrasil.


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